Licitações da Prefeitura beneficiam amigos do ainda prefeito

JUNTOS E MISTURADOS 

Terça, 20 de Dezembro de 2011 13:27

Jacinto Paulo é, ao mesmo tempo, amigo do ainda prefeito, fornecedor e funcionário da Prefeitura

Apesar de ser o suado dinheiro do contribuinte que está em jogo, poucos têm interesse em saber como os recursos estão sendo utilizados. Se tivessem, ficariam surpresos com o destino que o ainda prefeito dá aos tributos. Ele criou no site da Prefeitura uma forma de legalizar o ilícito. Assim, na mais explícita cara de pau, publica pagamentos do tipo R$ 196.224,00 a jornal pertencente a membro de sua gestão e R$ 67.300,00 a um velho amigo, via empresa de consultoria e marketing, a Alja.
Foi assim que no dia 28 de novembro foi paga à Grafinorte Montes Claros Editora e Gráfica Ltda. a bagatela de quase R$ 200 mil, primeira parcela de um total de R$ 588.672,00 que serão depositados na conta do jornal Gazeta Norte-Mineira, nome fantasia da referida gráfica. O dono do jornal, elevado à condição de diário oficial da gestão do ainda prefeito é, ninguém mais ninguém menos que Jacinto Paulo Pereira Faustino, que vem a ser o presidente da Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e Educação em Trânsito e Transportes de Montes Claros (MCtrans).
O jornal ganhou processo licitatório, ao que tudo indica viciado, para publicação dos atos legais da MCtrans. É a comprovação do tráfico de influência, favorecimento e fisiologismo, que não deveriam ter lugar na  administração pública, mas que, estranhamente, ocorrem, com ar de legalidade, nas barbas do Ministério  Público e da Justiça.
Por e-mail o empresário e presidente da Mctrans disse que há muitos anos não participa da administração do jornal Gazeta. “Esclareço ainda que o ramo da minha atividade profissional é consultoria empresarial e advocacia”, acrescenta. No entanto, farto material divulgado na mídia atesta o contrário. Outra beneficiada pela generosidade do ainda prefeito é a Alja Consultoria e Marketing Ltda, do jornalista Arthur Luiz Ferreira Leite, amigo de longa data do outro Leite. Por uma única palestra, direcionada a funcionários da MCtrans, Arthur Leite recebeu R$ 38, 4 mil. O pagamento está justificado como “prestação de serviços de treinamento”. No denominado “portal da transparência” constam ainda mais dois pagamentos feitos à Alja – R$ 7.600,00 (qualificação e atividades de desenvolvimento) e R$ 21.300,00, referente a “treinamento de pessoal”.
A empresa foi criada em 13 de junho de 2008, segundo o Cadastro de Pessoas Jurídicas da Receita Federal, coincidentemente às vésperas da campanha eleitoral daquele ano. Em nota enviada ao Daqui Arthur Leite nega qualquer relação entre os episódios. “Quero esclarecer que a minha empresa fez as campanhas eleitorais dos municípios de Coração de Jesus e Mirabela, programas de rádio, programa de governo, além de assessoria em outras prefeituras, bem antes da campanha de Montes Claros”, argumentou. A informação, entretanto, não bate com a data de criação da Alja.
Ele informou ainda que tinha apenas contrato com a Mctrans. Posteriormente, apresentou melhor preço e venceu carta convite para a prestação de serviços nas áreas de treinamento, qualificação de desempenho de atividades do órgão. Arthur Leite acrescentou que sua empresa mantém contratos com várias prefeituras e entidades privadas e de  classe do Norte de Minas, prestando serviços nas áreas de psicologia, pesquisa, treinamentos, redação e produção de eventos, entre outros.
Jornal Daqui